sábado, 12 de dezembro de 2009

O Poeta diz a verdade

Quero chorar minha dor, e se tal digo
é para gostares de mim e me chorares
por um anoitecer de rouxinóis,
com um punhal, com beijos e contigo.

Quero manter a prova solitária
para serem minhas flores assassinadas
e converter meu pranto e meus suores
em perpétua elevação de duro trigo.

Que não mais se acabe esta meada
do gosto de ti gostas de mim, ardida
sempre com caduco sol e lua velha.

O que me não deres e eu te não peça
será para a morte, que nem sombra
deixa sobre a carne estremecida.


Federico García Lorca

Saramago e No Berlusconi day

Leia-se com atenção o texto recentemente publicado por José Saramago no seu Caderno acerca da manifestação há dias levada a cabo em Itália e em várias cidades do mundo a favor da deposição urgente dessa "coisa" chamada Silvio Berlusconi.

http://caderno.josesaramago.org/2009/12/07/no-b-day/


De minha parte, as palavras que do texto constam são inteiramente subscritas.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Federico García Lorca


Se pudesse eleger, na vasta panóplia de autores que me apaixonam, aquele que com maior acuidade marcou todas as minhas leituras e, consequentemente, os meus pensamentos neste ano de 2009, a escolha não se revelaria árdua. O nome eleito seria apenas um : Federico García Lorca.

sábado, 26 de setembro de 2009

Diligência

Esta semana fui ao bar "típico mais típico" de Coimbra, o Diligência. Senti-me quase chateada comigo própria por estudar em Coimbra há quatro anos e nunca ter entrado naquele local maravilhoso.




No Diligência, o fado é o anfitrião e o personagem principal de todas as noites. Num ambiente muitíssimo acolhedor, com claras influências rústicas e irish no que à decoração diz respeito, somos infiltrados numa atmosfera escura, quente, pouco iluminada, como que a não querer roubar espaço a todas as vozes que voluntariamente por lá passam e dão vida e tradição ao local em causa.







Amália Rodrigues, Carlos do Carmo, Mariza fazem parte do reportório quase obrigatório, mas há também assento livre para as letras geniais de Jorge Palma, Rui Veloso, entre outros.

Uma noite definitivamente muito bem passada e um sítio a revisitar e reinventar.


























Alice


Se é uma opinião absolutamente imparcial que procuram sobre este filme, aconselho previamente a não-leitura deste post já que, é meu dever dizê-lo, considero "Alice" a grande pérola do cinema português; é, sem sombra de dúvida, o melhor filme português que vi até hoje.

Do realizador Marco Martins, este filme de 2005 sobremaneira elogiado pela crítica internacional (em Cannes renderam-se ao seu poder) narra a "simples" e angustiante luta de Mário (Nuno Lopes) em busca da sua filha Alice, desaparecida há vários meses. É uma vida vazia a descrita na sequência de cenas, conversas e silêncios que compõem o filme; um pai errante pelas ruas de uma Lisboa melancólica e azul, em busca da sua filha pequena que desapareceu num dia que se anunciava igual a tantos outros.
Não vou alongar-me muito mais porque acho que as críticas de cinema devem ser curtas, delineando apenas os contornos da história, cujo conteúdo será preenchido pela visualização do filme e pela forma de sentir de cada um de nós.
Para terminar, realce para a maravilhosa banda sonora de Bernardo Sasseti, falando inequivocamente ao coração, enebriando-nos pelas ruas íngremes dessa Lisboa nebulosa, triste e anónima, e para a poderosa, arrebatadora, irrepreensível, magistral interpretação de Nuno Lopes, neste papel que o elevou ao patamar de melhor actor português de cinema da sua geração. (Igualmente uma menção de louvor para Beatriz Batarda, sublime no papel de mãe de Alice)

Apetece-me dizer, em jeito de conclusão, que este filme ensina ou permite uma maior inteligibilidade da dor suportada pela perda de alguém que muito amamos.

A palavra "ausência" ganha um outro significado depois de ver "Alice".

Eis o trailer do filme : http://www.youtube.com/watch?v=HsBsT1AwDbs

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ebony Bones




Adorei o outfit!








Ebony Bones = loucura auditiva e visual!
We know all about you, yes we do!!








domingo, 13 de setembro de 2009

Moby

Ontem assisti ao concerto de Moby no Parque da Cidade, no Porto.





Adorei o show, tenho desde já que o anunciar. As expectativas eram deveras elevadas, e não foram, definitivamente, defraudadas ; o concerto correspondeu totalmente àquilo que eu esperava e ansisava.
Fiquei surpreendida e apreciei sobretudo a dinâmica de espectáculo que Moby ofereceu : o concerto foi um curioso e grandioso intercalar entre músicas calmas - tremendamente bem interpretadas pelas vozes femininas que acompanham o cantor e constituem a sua banda-, grandes sucessos que perpassam toda a sua carreira de 10 anos (felizmente com muitas visitas ao primeiro álbum, Play, verdadeira obra-prima de Moby, jamais igualada pelos álbuns que lhe sucederam) e explosões do melhor disco sound de Nova Iorque, nas palavras do cantor, que em vários momentos conseguiu transformar o parque da cidade numa verdadeira pista de dança, por certo ao estilo nova-iorquino.
A interacção com o público foi uma constante durante todo o concerto, e nesse âmbito, houve tempo para uma crítica severa a Bush e para a expressão da alegria de Moby pelo fim dos 8 anos em que os Estados Unidos estiveram sob a sua alçada. Houve igualmente várias referências à cidade de Nova Iorque, de entre as quais se destacou o cover de "Take a walk on the wild side", de Lou Reed, aquela que é, na sua opinião, a mais bela canção alguma vez escrita sobre a sua cidade Não preciso dizer que achei absolutamente fantástico esse momento e que me arrepiei quando milhares de pessoas cantaram o refrão dessa música que adoro.
Para terminar, um encore explosivo, antecedido de uma confissão de Moby acerca dos anos passados em raves a consumir ecstasy e a dançar até ao nascer do sol, acabando por dedicar os últimos minutos do show a todos aqueles que, como ele, gostam de estar numa festa ou num festival a dançar até ao raiar do dia seguinte...Certamente ficaria a dançar ao som de Moby até não poder mais na agradável noite de ontem, mas horários havia para cumprir e o concerto tinha que terminar.
Resta-me a memória para nela guardar a noite de ontem e agradecer, bem ao jeito de Moby : "thank you, thank you, thank you!".
Reportagem completa da Blitz sobre o concerto aqui :
Last, but not least, o vídeo de uma das músicas do álbum Last Night :
Adios!

sábado, 12 de setembro de 2009

Creio no cinema

Eis duas visões distintas, mas ambas exortadoras, daquela que é uma das artes mais fascinantes de sempre e que me rouba, com muito prazer, muitas horas desta vida.
"The problem with screens is not that they tell us what we should want, but that they show us how we should want it. Their ability to pass on gestures and shape habits is infinitely more powerful than that of transmitting ideas or opinions"
(autor desconhecido)
"Creio no cinema, arte muda, filha da Imagem, elemente original de poesia e plástica infinitas, célula simples de duração efémera e livremente multiplicável. Creio no cinema, meio de expressão total em seu poder transmissor e sua capacidade de emoção, possuidor de uma forma própria que lhe é imanente e que, contendo todas as outras, nada lhes deve. Creio no cinema puro, branco e preto, linguagem universal de alto valor sugestivo, rico na liberalidade e poder de evocação".
Vinicius de Moraes
Para quem tiver curiosidade em revisitar este grande poeta, intelectual, músico, crítico de cinema, personalidade ou, simplesmente, Homem que elevou a cultura popular brasileira ao mais alto nível, podem encontrar uma maravilhosa reunião da sua arte aqui :
Saravá!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Snoop Dogg

Podem achar isto muitíssimo estranho, mas eu aprecio alguns sons que brotam da imaginação deste senhor. Sobretudo quando estamos a falar de colaborações com outros artistas, no seio dos quais Pharell Williams ocupa um lugar de topo! Qualquer notícia acerca de uma nova colaboração entre estes dois gera curiosidade mórbida em mim.

Exemplos inspirados de Pharell + Snoop Dogg :

http://www.youtube.com/watch?v=k_K1PmQQc6s

http://www.youtube.com/watch?v=tFfb_CwBma0


"Snoop Doggy Dog" on his own :

http://www.youtube.com/watch?v=pKz-RXSeIYA Sensual seduction....

sábado, 5 de setembro de 2009

Sugestões do dia

Bat for Lashes - Daniel

http://www.youtube.com/watch?v=00ZHah-c0hQ


e....

Maria João e Mário Laginha - Beatriz (versão maravilhosa do original de Chico Buarque. Pessoalmente, arrepia-me...)

http://www.youtube.com/watch?v=KAggWL7WuGo


Enjoy!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Livros de bolso

A minha "mini" colecção...






Há algum tempo atrás, encontrei na Fnac uma colecção muitíssimo interessante de livros de bolso, com um preço ainda mais interessante (1,50 euros).


Acabei por comprar alguns e parece-me que a iniciativa é sobremaneira louvável, não obstante haja pouca diversidade de autores publicados (eis a única crítica a apontar).


Esta colecção oferece aos leitores como que um aperitivo - servido em forma de contos - da obra de alguns importantes autores universais, como deles é significativo exemplo o espanhol Miguel de Cervantes ; enquanto não me dedico à leitura da sua obra-prima, om Quixote, vou-me deleitando com as aventuras de Preciosa, personagem que dá vida ao conto "A Ciganita", publicado nesta colecção...






A surpresa de Saramago

José Saramago prepara uma surpresa para todos os seus leitores, nos quais obviamente me incluo). No dia 31 de Agosto, apresentou uma despedida (que espero temporária) no seu Caderno. Está a trabalhar num novo livro e, assim sendo, resolveu dedicar ao mesmo um pouco mais do seu tempo, descurando um pouco os seus escritos diários (ou quase diários) nesse seu blog que se tornou para mim e certamente para milhares de pessoas num sítio de visita essencial.
Devo confessar que tomei conhecimento do Caderno tardiamente, numa das visitas que faço à Biblioteca Municipal em busca de novos livros. Foi com alguma surpresa que me aproximei daquele livro verde que alberga o conjunto dos escritos de Saramago para o blog, desde Setembro de 2008 até Março de 2009. Imediatamente o coloquei debaixo do meu braço e em alguns dias consumi sem parar todos os textos escritos naquele meio ano, percorrendo os mais variados temas da actualidade, desde a bestialidade do senhor Berlusconi, passando pela saudade do autor pela Pátria e pela cidade de Lisboa, até aos agradecimentos pessoais aos seus amigos íntimos e companheiros de profissão, por peripécias que a vida vai permitindo que aconteçam, na sua longa sucessão de minutos, horas e dias. Enfim, uma panóplia de temas que me prendeu da primeira à última página e que me tornou numa frequentadora assídua do seu Caderno.
Confesso que aquela despedida do dia 31 de Agosto me deixou um pouco triste, embora talvez não seja esta, de longe, a palavra adequada para descrever o meu estado de espírito. Digamos que se estampou no meu rosto uma expressão na qual têm que partilhar espaço a tristeza e a ansiedade por um novo livro, por um novo Saramago que se avizinha. Até lá, continuarei a viajar até ao Caderno, na esperança do autor resolver expressar alguns dos seus pareceres, de quando em vez...

http://caderno.josesaramago.org/

The Dead Weather e não The DeaTH Weather

The Death Weather


Um aviso prévio : sejam cuidadosos aquando da "etiquetagem" desta nova banda de rock alternativo norte-americana. Os erros mais frequentes serão dois : considerar esta "a nova banda de Jack White" (The White Stripes) ou olhá-a como "a banda de Jack White com a gaja dos The Kills".
O meu aviso justifica-se plenamente porque os Death Weather são muito mais do que isso ; superam totalmente essa simplificação. Eu atrever-me-ia a ver esta junção como uma fusão eléctrica e ecléctica das guitarradas à la White Stripes e dos sons do fundo do baú, muito alternativos, dos Kills.
O novo albúm já está aí nas lojas ou na técnica de "sacar" mais perto de si. Aconselho vivamente. Sobretudo estas (uma mera preferência pessoal) :

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Nina Simone

"I have been nicknamed the high priestess of soul and I quit like it. But I can't find the right words to describe what I do. It's a bit like love. How can you describe love?..."

Descobri a voz e a música de Nina Simone há relativamente pouco tempo, e devo dizer que foi paixão à primeira vista, "love at first sight", na sempre curiosa terminologia anglo-saxónica.
Não sendo possível falar de Nina sem fazer referência à sua tremendamente poderosa voz, há um outro lado que faz nascer fascínio em mim: a Nina Simone enquanto mulher, enquanto vulto visionário e libertador dos desejos e prazeres das mulheres naqueles loucos anos que perpassaram o século XX. A sua música expressa sem pudor o desejo, a entrega, o poder feminino, a solidão, a dor...todos estes sentimentos embalados e oferecidos ao mundo por uma voz arrepiante e intimista, que parece estabelecer contaco próximo com todos aqueles que a escutam.
Tenho pena que já nao seja possível entrar num auditório qualquer e confirmar ao vivo todo o seu esplendor. Restam-me, agora, o sofá, a cama, o carro e (felizmente) alguns bares com bom gosto que lancem nas noites ou nos dias o seu timbre irrepreensível e inesquecível.
Para ouvir, repetir a audição e voltar a ouvir. Vezes sem fim.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Barcelona
















Kate Moss for Topshop






Linda, Maravilhosa, Divina!
Kate Moss é, definitivamente, a minha modelo preferida de todos os tempos. Kate não é altíssima, não tem curvas vertiginosas nem tão pouco é dona de uma beleza esplendorosa.
Contudo, tem aquele "je ne sais quoi" impossível de descrever. Nunca uma modelo teve a capacidade de se (re)inventar como ela, jamais alguma outra conseguiu fazer jus ao significado da palavra androginia como Kate. As tendências vão e vêm e Mossy permanece intocável. Possui uma beleza verdadeiramente intemporal.
God bless Kate.

A lei do desejo

Ontem à noite vi "A Lei do Desejo", de Almodóvar. Sou uma admiradora confessa deste realizador. Adoro a forma subtil mas tão intimamente conhecedora como os seus filmes penetram o mundo feminino (o que dizer da maravilhosa Penélope Cruz em "Volver"?) e os universos "marginalizados" em geral (homossexuais, transsexuais, travestis, etc).
"A lei do desejo" data de 1987, ficando naturalmente aquém da qualidade de imagem das suas "películas" mais recentes, mas é igualmente fascinante. Narra a história de um realizador de cinema, Pablo, e dos seus amores funestos (primeiro com Juan, jovem incapaz de à paixão se entregar, e depois com Antonio, personagem intensamente louca interpretada por Antonio Banderas - novíssimo, com a pele lisa, no auge do seu início de carreira...), bem como os da sua irmã, Tina, uma mulher fogosa e desencantada com a vida que em tempos fora homem.
Aconselho vivamente o filme, embora não tenha entrado no meu top Almodóvar. Jamais um Almodóvar me comoveu mais do que "Todo sobre mi madre". Não obstante, o génio criativo de Almodóvar está, como sempre, intrínseco no filme, a começar desde logo pela maravilhosa banda sonora, muito espanhola, muito classy.
A não perder!

Alvorada

Há imenso tempo que pensava criar um blog. Agrada-me o conceito de um espaço de partilha de ideias, gostos e opiniões neste mundo infinito que é a Internet.
É muito provável que nada de útil venha a ser escrito nesta página ou que nenhuma mensagem interessante seja passada nas palavras que aqui figurarão. Mas a liberdade de escrita e de expressão residem nisso mesmo...o poder que me assiste de escrever o que quero e o igual poder dos demais de acharam tudo isto uma treta fascina-me. Foi com base nesta ideia (que peso na consciência não me causa) que esta página ganhou vida.